quarta-feira, 27 de maio de 2009

GOVERNO VAI CRIAR BANCO PARA EXPORTAÇÕES

Eximbank irá centralizar tarefas hoje distribuídas entre BB, BNDES e Tesouro Nacional

Ainda este ano, o Governo brasileiro pretende criar o Eximbank, estrutura que irá administrar e financiar as exportações e os produtos destinados ao mercado internacional. “É um bom momento, pois poderíamos ter uma operação mais fluida, mais rápida. Será um braço forte do BNDES”, disse o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, conforme entrevista concedida ao jornal Estado de S.Paulo, nesta quarta-feira (27).

Ainda de acordo com o ministro, o presidente Luis Inácio Lula da Silva já sinalizou positivamente em relação à medida.

Hoje, os interessados em exportar mercadorias têm de procurar o Banco do Brasil, na tentativa de obter financiamento do Programa de Financiamento às Exportações (Proex). Caso consiga o crédito, ainda deve recorrer ao Comitê de Financiamento e Garantia das Exportações (Cofig), composto por vários ministérios e sob a responsabilidade do Tesouro Nacional.

Com a criação do Eximbank, o processo ficaria mais simples e desburocratizado, aponta Miguel Jorge. “Hoje o financiamento é muito burocrático, precisamos ser mais operacionais”.

terça-feira, 26 de maio de 2009

CELAS PRIVADAS?

Não é de hoje que o debate a respeito da inserção da iniciativa privada em instituições públicas gera polêmicas. Em diversos momentos da história brasileira, principalmente após a redemocratização e, conseqüentemente, o avanço do modelo neoliberal, privatizações e terceirizações têm se mostrado alvo de disputas políticas e ideológicas. São exemplos marcantes, a venda do controle das telecomunicações a empresas européias, uma das maiores privatizações já realizadas no Brasil, e a abertura da Vale (antiga Vale do Rio Doce) ao capital privado. Apesar de dividir opiniões, a prática é crescente e vem adquirindo força, principalmente em países em desenvolvimento, como Brasil, Chile e Índia.

Se as divergências já são acentuadas quando o assunto é a abertura do patrimônio público ao capital privado, elas só tendem a se intensificar. Um empreendimento que promete dar força à discussão é a introdução da iniciativa privada na administração do sistema público prisional. E vieses importantes dão vazão à disputa, já que nela estão envolvidas questões como a do monopólio coercitivo do Estado, do lucro sobre a mão-de-obra de detentos e da capacidade estrutural brasileira para suportar tal modelo.

Para começar, trata-se de um mercado altamente lucrativo, tanto por sua incipiência no país, quanto pelo grande complexo que engloba. Em vista disso, vem se tornado alvo de disputa de diversas empresas, ainda mais com a expectativa de constituição de PPPs (Parceria Público-Privada). A Correction Corporation of America, maior empresa desse ramo nos Estados Unidos, por exemplo, viu seu valor de mercado saltar de US$ 200 milhões para US$ 1 bilhão em um espaço de cinco anos.

Contexto Brasileiro

No Brasil, o processo não está tão avançado, mas, ao que tudo indica, é apenas uma questão de tempo para que ganhe força. Empresas de diversas áreas começam a disputar o mercado que será aberto com a exploração de presídios na forma de PPP. Os Estados de Pernambuco e Minas Gerais, por exemplo, lançaram consultas públicas em janeiro para o processo e pretendem fazer a licitação ainda neste ano. São Paulo também tem interesse em realizar PPPs em penitenciárias, porém o governo ainda discute pendências jurídicas sobre o sistema.

Segundo levantamento do Depen (Departamento Penitenciário Nacional), havia, em julho de 2007, quase 420 mil presos no país para 263 mil vagas existentes. Se todos os mandatos de prisão expedidos pela Justiça fossem cumpridos, estima-se que o número de detentos aumentaria em 550 mil. Seriam necessários R$ 7 bilhões anuais para atendê-los. Hoje, o país gasta R$ 4,8 bilhões com seus presos ao ano.
Apenas no Estado de Pernambuco serão necessários R$ 248 milhões para construção e aparelhamento do Centro Integrado de Ressocialização de Itaquatinga, em que serão abrigados 3.126 detentos. Desde que a consulta pública foi lançada, em 11 de janeiro do ano passado, pelo menos oito empresas e quatro bancos buscaram informações sobre a parceria, prevista para vigorar por 33 anos.

Em Minas Gerais, o Estado pretende repassar até R$ 78 milhões ao ano para a empresa vencedora da PPP, sendo que há um prêmio de 1,5% da soma dos pagamentos mensais, para estimular resultados e a qualidade da gestão. A parceria deverá vigorar por 27 anos.
No projeto, cada preso custará ao Estado até R$ 2.100 por mês, incluídos aí gastos operacionais e de construção da unidade. O governo estima que, se assumisse a construção e operação, gastaria R$ 2.400 por preso ao mês. Hoje, apenas o gasto operacional do governo com presidiários é de R$ 1.700.
Polêmicas Éticas e Legais

Para Laurindo Dias Minhoto, professor de sociologia do direito da Fundação Getulio Vargas e especialista na área, a maior crítica feita ao envolvimento da iniciativa privada nos sistemas penais diz respeito ao lucro com o encarceramento. "É um debate de caráter ético", diz. "Não seria aceitável lucrar com o sofrimento infligido a outras pessoas.”
Segundo ele, os funcionários públicos também fazem pressão sobre presídios controlados por empresas no Brasil, tentando reduzir a eliminação de vagas públicas. "Na verdade, apenas o Estado poderia usar força letal para controlar pessoas", afirma Minhoto. "O agente privado jamais teria tal prerrogativa." Esse foi um dos motivos que impediu que o sistema de privatização nos presídios evoluísse em muitos países. Nos Estados Unidos, o modelo está estagnado em 7% da população carcerária há anos.
Ainda de acordo com o especialista, outro motivo são as ações sindicais para impedir a expansão do sistema. Trabalhadores de várias áreas alegam que empresas usam presos como mão-de-obra semi-escrava e geram concorrência desleal na criação de vagas fora das grades.

O Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo (OAB SP), Luiz Flavio Borges D´Urso, por sua vez, explica que existem duas formas históricas de privatização de presídios.

A mais utilizada, até o momento, é a Americana, na qual a privatização é total. Isso significa que o preso é absolutamente entregue à empresa prestadora de serviço, que passa a reger sua vida em cárcere. Assim, o tempo que ficará preso, as formas de punição, sua soltura, concessão de condicionais, são todos determinados por ela. Nestes casos, o Estado abre mão de seu poder jurisdicional.

Outro modelo que tem ganhado destaque é o francês, da Co-Gestão. Neste sistema, o Estado permanece com a condição jurisdicional e somente a função material (alimentação, infra-estrutura, saúde etc.) é delegada à iniciativa privada.
“Segundo as premissas constitucionais brasileira, só é possível no país a implementação da forma francesa, em que o Estado fica com a guarda do preso e a empresa só administra a parte material”, aponta D´Urso. Desta maneira, não há necessidade de novas medidas legais para validar o sistema.

Para o presidente da OAB de São Paulo, no modelo Francês o risco de “escravização” do trabalho dos detentos é bem pequeno. Embora a empresa administradora coordene tais atividades remuneradas, “seu tipo, forma e finalidade ficam sob a responsabilidade do Estado, que também decide para onde reverter a renda gerada. Portanto, a empresa só organiza este trabalho, seguindo as orientações estatais.”

O Estado e a Indústria

Sob o ponto de vista da indústria, o sistema público não é mais capaz de acompanhar a evolução da violência no país e os presídios, da forma em que se encontram, não passam de “escolas de marginais”, segundo afirmação de Ricardo Lerner, assessor e consultor de Segurança da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Para ele, a necessidade de modernizar o sistema prisional é imediata, já que seus problemas não dizem respeito somente ao Estado, mas a toda a sociedade. O modelo vigente só trará mais desgastes às condições já precárias deste sistema e isso gera uma situação de risco à população. “Implantar este sistema [PPP] é uma questão de segurança social”, completa.

Ao defender as PPPs, Lerner afirma que, além de representarem a alternativa para a falta de recursos públicos na área, o modelo torna-se uma fonte importante de empregos e geração de renda para a região onde o presídio será instalado.

De acordo com o coronel da Reserva da Polícia Militar de São Paulo e ex-Secretário Nacional de Segurança Pública, José Vicente da Silva Filho, a iniciativa é bem vinda ao Estado, uma vez que as prisões, como estão, não passam de “formas caras de piorar as pessoas”. Contudo, traça diferenças, segundo ele fundamentais, entre as formas de abertura do terreno público.

Ressalta que experiências como a do Paraná e Pará, onde o sistema carcerário foi totalmente privado, não são as mais adequadas às necessidades do país. Nestes casos, o Estado compra o terreno, constrói o prédio e a empresa vencedora da licitação fica responsável por sua administração. Empreendimento de alto custo aos cofres públicos. Se a forma de PPP for implantada, tanto o terreno quanto a construção do prédio ficam a cargo do capital privado, que o equipa e administra.

Além disso, com o acordo, é obrigação das empresas oferecerem serviços básicos como alimentação, higiene, atendimento médico, odontológico e jurídico, fato que tende a reduzir os índices de insatisfação entre os presos e eventuais rebeliões. Em caso de estragos físicos dentro do cárcere, cabe à prestadora de serviços públicos repor os materiais danificados, sem qualquer custo ao Estado. Um choque no bolso das empresas, que elas tentarão evitar a qualquer custo.

“Embora o custo de cada preso fique por volta de 20% mais caro, não haverá mais problemas de superlotação e os detentos serão mais bem-cuidados: há médicos, advogados, uniformes, alimentação e o que prevê a lei.", conclui o coronel.

PREÇO DA GASOLINA CAI ATÉ 40% SEM IMPOSTOS

Dia da Liberdade de Impostos mostra que Cide, PIS, Cofins e ICMS aumentam o valor do litro do combustível de R$ 1,46 para R$ 2,39

Durante o Dia da Liberdade de Impostos, o litro da gasolina em vários postos de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Belo Horizonte foi vendido 40% mais barato do que seu preço normal. Isto porque foram descontados os inúmeros impostos que recaem sobre o valor do combustível, geralmente vendido a R$ 2,39; sem os encargos a gasolina chegou ao consumidor por R$ 1,46.

A campanha foi organizada pelo Instituto Mises Brasil e o Movimento Endireita Brasil, que reuniram diversas entidades para bancarem a diferença que Cide, PIS, Cofins e ICMS fazem sobre o custo do combustível.

Nas quatro capitais, foram comerciados cerca de 20 mil litros de gasolina sem impostos.
A quantidade de impostos agregados aos produtos brasileiros é das mais altas do mundo. No caso dos alimentos, por exemplo, os básicos arroz e feijão do nosso dia-a-dia possuem 15,34% de tributos embutidos em seus valores, segundo o IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário). Para o instituto, o pacote de cinco quilos de arroz, que é vendido em média a R$ 8,06 na região da Grande São Paulo, ficaria R$ 1,23 mais barato se não fosse sua carga de impostos. Ou seja, 15,2% do valor do alimento se deve à sua tributação

BB ELEVARÁ CRÉDITO EM R$ 13 BI

A pedido do presidente Lula, o banco público aumentará recursos para financiamentos às pessoas físicas

O Banco do Brasil (BB) anunciou na tarde desta segunda-feira (25) que disponibilizará R$ 13 bilhões a mais para o financiamento de crédito às pessoas físicas. O pedido partiu do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, na tentativa de mudar a política de restrição de empréstimos iniciada com a crise financeira, cobrou postura mais agressiva da instituição.

Também ontem, o Bradesco informou que ampliará o prazo de pagamento de empréstimos para a compra de casas próprias – de 25 para 30 anos. Junto à esta medida, o banco divulgou a redução de 10% para 8,9% da taxa de juros cobrada no segmento de imóveis, que representa até R$ 120 mil e menos de encargos.

O retorno dos bancos aos incentivos de planos de financiamento começou com o Itaú-Unibanco, há dez dias, data em que anunciou a volta do crédito facilitado, de 72 meses (6 anos), a veículos particulares. Quatro dias depois, na última sexta-feira (22), foi a vez da Aymoré Financiamentos (do grupo Santander-Real) tomar o mesmo rumo do concorrente.

O acesso ao crédito das agências financeiras havia praticamente desaparecido e sua retoamda, apontam especialistas, indicam uma melhor confiança das entidades na economia brasileira frente à crise mundial.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

VALE REDUZ US$ 5,2 BI DE META DE INVESTIMENTO

Novo orçamento, de US$ 9,035 bilhões, apresenta corte de 36,5% na projeção para 2009

O plano inicial de investimento da Vale para este ano era de US$ 14,23 bilhões. Após decisão aprovada no fim desta quinta-feira (21), pelo conselho de administração da companhia, a meta sofreu corte de 36,5 %, ou US$ 5,2 bilhões a menos do que previsto.

Em comunicado, os representantes do conselho apontam que a mudança se deve a três fatores, principalmente: redução de custos, desvalorização do real e alongamento do cronograma de alguns projetos. Segundo eles, ao divulgar o plano de investimento em outubro do ano passado, a Vale ainda não tinha condições de avaliar a forte desaceleração econômica gerada pela crise internacional.

Com a recessão acelerada nas principais potências mundiais, e os inevitáveis choques no mercado financeiro local, a companhia se viu obrigada a adotar uma série de medidas, entre elas a demissão de 1,3 mil funcionários e a suspensão de atividades em algumas minas, com a concessão de férias coletivas aos trabalhadores.

A possibilidade de revisão dos investimentos já havia sido sinalizada durante a divulgação do balanço do primeiro trimestre, período em que as mudanças no cenário internacional se mostraram mais evidentes.

Para se ter uma ideia da perda, a cifra cortada supera a soma dos valores de todos os projetos de expansão do setor de celulose para os próximos quatro anos, cerca de US$ 4,5 bilhões, estima o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

quinta-feira, 21 de maio de 2009

ABRIL APRESENTA AUMENTO NAS CONTRATAÇÕES

Segundo o Caged, agronegócio e serviços sustentam reação do emprego

Após perder aproximadamente 800 mil vagas, o mercado de trabalho apontou uma tímida reação em abril. De acordo com pesquisa feita pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgada nesta segunda-feira (18), o número de contratações teve saldo positivo de 106,2 mil vagas, puxado, principalmente, pelo agronegócio e pelo setor de serviços.

Embora a reação tenha sido significativa em relação a março – mês em que foram abertas 34,8 mil vagas –, este ainda foi o pior abril da série histórica do Caged, desde 1999. Os efeitos da crise internacional sobre o mercado de trabalho brasileiro são nítidos: de janeiro a abril deste ano foram criadas 48,5 mil ocupações, frente às 848,9 mil no mesmo período de 2008.
O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, conforme revela O Estado de S.Paulo, prevê para este ano a abertura de mais de 1 milhão de postos. “O Brasil já está dando sinais inequívocos de recuperação”, sinaliza.

MERCOSUL: ADESÃO DA VENEZULA DIVIDE GOVERNO E OPOSIÇÃO

Governo tenta convencer setor privado e oposição da importância econômica da Venezuela; empresários temem a instabilidade política

Há quase duas semanas após o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, ter defendido no Senado, durante audiência pública na Comissão de Relações Exteriores, a aprovação do Protocolo de Adesão da Venezuela no Mercosul, o assunto divide a opinião de empresários, governo e oposição.
Para o governo, a entrada da Venezuela no Mercosul se justifica por sua relevância comercial. O sub-secretário do Itamaraty para a América do Sul, Enio Cordeiro, ainda tenta convencer o a oposição mostrando os números econômicos do país de Hugo Chávez.
O diplomata argumenta que a Venezuela tem o quinto maior Produto Interno Bruto (PIB) da América Latina, de US$ 330 bilhões; possui a sexta maior reserva de petróleo do mundo; importa 75% do que consome, além de ser o segundo destino das exportações brasileiras dentro da América do Sul. Para ele, recusar a Venezuela no Mercosul é abrir mão de um grande mercado para outros fornecedores, em especial à China.
O senador Heráclito Fortes (DEM-PI) rebateu publicamente a defesa do diplomata e ressaltando que a intenção de Chávez em entrar no Mercosul já vem enviesada, uma vez que já conversa com outros sócios do Bloco para tentar reduzir a presença brasileira no Parlamento do Mercosul, em 2010